Os/as alunos do 8º ano e do 10º ano do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Cerveira, juntamente com as suas professoras de Geografia, debateram, ao longo do primeiro semestre de 2022, fenómenos associados às alterações climáticas que têm se intensificado no concelho.
Após a aplicação de questionários na comunidade, os/as jovens focaram a sua investigação nos incêndios e na desflorestação, que emergiram como os problemas climáticos locais mais preocupantes.
Estes problemas, bem como as suas causas e consequências para a região, foram o ponto de partida das sessões de Laboratórios Climáticos Colaborativos (Cicli-Labs) com o objetivo de potenciar diálogo e cocriação de soluções acionáveis.
Para isso, três sessões de Cicli-Labs promoveram atividades de articulação entre atores de diversos setores, incluindo a Engenheira Margarida Barbosa, da Associação de Produtores Florestais (Valminho Florestal); a Dra. Sandra Estevéns, da CIM Alto Minho; a Dra. Sónia Guerreiro, vereadora da Educação da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira; Lucy Small, Ângelo Fernandes e Ana Cristina Lages, da Associação de Defesa do Património (COREMA); e, por fim, João Vieira, especialista em Psicologia, do Centro de Psicologia da Universidade do Porto.
Estas sessões tiveram como objetivo construir um plano colaborativo de adaptação climática, privilegiando o trabalho de investigação conduzido pelos/as jovens estudantes e potenciando a partilha de conhecimentos e discussões sobre cidadania, política e clima.
As três sessões de CiCli-Labs ocorreram nos dias 28 de abril, 12 de maio e 26 de maio, na biblioteca da Escola Básica e Secundária de Vila Nova de Cerveira. Inicialmente, os/as jovens criaram a Árvore do Problema Climático, representando as causas e efeitos dos incêndios e da desflorestação na região de Cerveira. A partir disto, foram debatidas possíveis soluções a colocar em prática.
Da parte dos/as estudantes, destacam-se algumas dessas sugestões: uma delas é a divulgação mais ampla das atividades de prevenção de riscos climáticos associados aos incêndios e à desflorestação.
Para os/as estudantes, a divulgação de ações de prevenção aos incêndios (como a plantação de árvores autóctones, por exemplo) nas redes sociais não é suficiente, pois não prende a atenção de jovens, pelo contrário. Além disso, estudantes referiram que as redes sociais dispersam a atenção e, por esta razão, revelam-se insuficientes como plataforma de divulgação. Neste sentido, jovens sugeriram envolver associações desportivas juvenis e escuteiros na divulgação de ações preventivas aos incêndios e à desflorestação.
Uma das estudantes sugeriu também o engajamento estudantil num projeto da escola, o Clube da Natureza, que poderia vir a envolver-se em atividades juntamente com a comunidade para a implementação de um plano colaborativo de adaptação climática.
Debateu-se ainda a importância de fortalecer a articulação regional no combate ao problema climático local. Nesse sentido, cada ator local participante expôs contributos que, na sua área, poderiam ajudar a colocar em prática as propostas de soluções avançadas pelos/as jovens.
A promoção dessa ação regionalmente articulada poderá ser feita, por exemplo, em parceria com a CIM Alto Minho, que se dispôs a agir em conjunto com outros órgãos do poder local para tornar a iniciativa mais eficaz.
Da parte dos/as estudantes do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Cerveira, mostrou-se importante adotar estratégias capazes de sensibilizar, informar e educar para mudar comportamentos no concelho e, assim, colmatar problemas relativamente aos incêndios e à desflorestação.
No próximo ano, será dado seguimento a estas propostas para resolução do problema climático em Vila Nova de Cerveira, com a articulação de estratégias de implementação das ideias debatidas nos CiCli-Labs.
O objetivo será desenvolver, por meio do diálogo, estratégias regionalmente articuladas e amplamente divulgadas para colmatar a questão dos incêndios e da desflorestação em Vila Nova de Cerveira. Por fim, espera-se que estes laboratórios apontem possíveis caminhos colaborativos de adaptação climática para o fortalecimento da resiliência local neste concelho.